7o. Ano matutino EAS Toyota

sábado, 6 de março de 2010

O futuro da pesquisa

A Internet tem causado um enorme impacto na vida das pessoas de todo o mundo nos dez anos desde a fundação da Google. Ela mudou a política, o entretenimento, a cultura, os negócios, a assistência médica, o meio-ambiente e quase todos os tópicos que você pode imaginar. O que nos leva a pensar, o que vai acontecer nos próximos dez anos? Como esta tecnologia fenomenal vai evoluir, como nos adaptaremos e (mais importante) como ela vai se adaptar a nós? Fizemos esta pergunta a dez de nossos maiores especialistas, e nas próximas três semanas apresentaremos suas respostas. Como o cientista de computação Alan Kay celebremente observou, a melhor maneira de predizer o futuro é inventá-lo, assim, faremos o máximo para sustentar as palavras de nossos especialistas a cada dia. (Karen Wickre e Alan Eagle, editores da série)

Sou viciada em pesquisa. Sou naturalmente curiosa - Sempre gostei de procurar coisas. Além disso, trabalho em pesquisa na Google há 9 anos e 3 meses. Obviamente eu pesquiso muito. Mesmo assim eu diria que em alguns dias, faço apenas 20% das pesquisas que poderia. No último sábado, observei atentamente as coisas que surgiram em conversas e que eu queria pesquisar mas não pude.

Existem as palavras "fab", "goy" e "eely"? (Era um jogo tipo palavras cruzadas). A que horas a loja J.C. Penney abre nos sábados? Que escola tem um time chamado Banana Slugs? Qual o mascote do time do San Jose State? Quanta energia aquela tal usina hidrelétrica gera? Qual o coletivo de cachorro? A que horas passa Tempestade Tropical? Qual o nome daquele grande flautista irlandês cujo primeiro nome é James? Qual o nome da maior cidade da Rússia depois de Moscou e São Petersburgo? Qual dos dois é mais velho - pau-brasil ou cipreste? Qual é a coisa mais velha ainda viva e qual sua idade? Quem canta “Queen of Hearts”? Que tipo de pássaro é aquele voando ali? O LF em São Francisco fica na Praça Union ou na Rua Union? Quais são os passos para se dançar Charleston? Em que dia da semana foi exibido o Lawrence Welk Show? Como é a letra da música “In the Mood”? Qual a diferença entre a warfarina e a aspirina quanto aos efeitos de afinamento do sangue? Qual foi a história por trás do nome do número ‘googol’?

E essas são apenas as que eu me lembro. Olhando essa lista, duas coisas ficam muito claras: (1) Eu poderia fazer muitas outras pesquisas e (2) a pesquisa ainda tem muitas oportunidades de inovação, mudança e progresso. Existem muitas maneiras pelas quais a pesquisa precisará evoluir para atender facilmente as necessidades do usuário. Vamos analisar algumas de minhas perguntas não respondidas de sábado e considerar como a pesquisa pode mudar nos próximos 10 anos.

Modos
Primeiro, por que eu não poderia fazer essas pesquisas no momento em que precisei delas? Porque a pesquisa ainda não é acessível ou fácil o suficiente. As pesquisas precisam ser mais móveis - devem estar disponíveis e fáceis de se usar em telefones celulares, nos carros e dispositivos portáteis, que se podem vestir e que ainda nem temos. Por exemplo, quando surgiu o assunto da coisa mais velha viva durante um passeio de barco, todos ficaram curiosos, mas ninguém queria usar um dispositivo lento e desajeitado para fazer uma pesquisa. Seria muito mais interessante se tivéssemos um dispositivo com excelente conectividade em que pudéssemos pesquisar sem interrupções. Uma idéia absurda: que tal um dispositivo para vestir que fizesse pesquisas em segundo plano com base nas palavras que captasse das conversas e apresentasse os fatos relevantes?

Essa noção traz ainda uma outra maneira com que os “modos” de pesquisa mudarão - pesquisa de voz e linguagem natural. Deve ser possível falar com um mecanismo de busca com sua própria voz. Você também poder fazer perguntas verbalmente ou digitando-as como expressões do idioma natural. Não deve ser necessário dividir tudo em palavras.

Além disso, por que as pesquisas precisam ser feitas com palavras? Porque não posso inserir, como minha consulta, uma foto dos pássaros sobre minha cabeça e ter um mecanismo de pesquisa que identifique que tipo de pássaro é? Por que não posso capturar um snippet de áudio e pedir ao mecanismo de busca que o identifique e analise (uma música ou uma conversa) e me conte todas as informações relevantes sobre ele? Há serviços que fazem algumas dessas coisas disponíveis hoje em dia, mas não de um modo integrado e fácil de usar.

Nos próximos 10 anos, veremos avanços radicais nos modos de pesquisa. dispositivos móveis nos oferecendo pesquisas mais fáceis, recursos de Internet implantados em mais dispositivos e modos diferentes de inserir e expressar suas consultas através da voz, do idioma natural, fotos ou músicas, só para citar alguns. Está claro que embora a pesquisa baseada em palavras seja incrivelmente poderosa, ela também é incrivelmente limitante. Esses novos modos serão uma das mudanças mais abrangentes.

Mídia
Depois há o aspecto mídia. Os 10 links azuis oferecidos como resultados de busca na Internet podem ser impressionantes e até mesmo mudar uma vida, mas quando você tenta se lembrar dos passos do Charleston, uma página de texto não será, nem de longe, tão útil quanto um vídeo. A mídia dos resultados é importante.

Universal search, que lançamos em maio ultimo, foi um importante primeiro passo que incluiu imagens, vídeos, notícias, livros e mapas/informações locais nos principais resultados de pesquisa do Google. Ainda assim nossa apresentação ainda é muito linear (os resultados são apenas uma lista) e uniforme (nenhum resultado é mais importante ou maior do que o outro). E se a página de resultados começasse a se transformar radicalmente para realmente aproveitar esses tipos diferentes de resultados em algo que se parecesse muito mais com uma resposta em vez de apenas 10 estimativas independentes? E se as páginas de resultados trouxessem as melhores mídias e as distribuísse de modo que o conteúdo mais útil não fosse apenas o primeiro, mas também o maior. E se distribuíssemos o conteúdo em colunas para usar mais a largura disponível em telas mais novas e mais largas?

Nós mal começamos a usar a pesquisa universal, mas é um importante primeiro passo para explorar toda a gama do que podemos fazer com mídia rica. No ano passado, nossa meta foi aproveitar a vantagem desses novos tipos de resultados e fazer evoluir o design da interface e a experiência do usuário como resposta. Você verá os frutos dessa experiência nos próximos meses, mas até mesmo essas alterações são apenas o começo. A cara da pesquisa mudará dramaticamente nos próximos 10 anos. Talvez ela deva conter ainda mais vídeos e imagens, talvez deva diferenciar com mais precisão o peso relativo e a exatidão dos resultados, talvez deva ser mais interativa em termos de refinamento. Ainda não temos certeza, mas sabemos o que a experiência com a pesquisa não pode ser - especialmente considerando a explosão de mídia on-line pela qual estamos passando - lenta.

Personalização
Os mecanismos de pesquisa daqui a 10 anos serão muito melhores do que os que temos hoje. Sabemos disso porque o próprio Google fica melhor a cada ano. Estamos escrevendo e revisando constantemente novas noções de importância de pesquisa e lançamos melhorias praticamente todos os dias. Essas melhorias se somam para o Google e outros mecanismos de pesquisa, portanto, os mecanismos de pesquisa daqui a 10 anos serão notoriamente melhores. Assim, a verdadeira pergunta não é se a pesquisa será melhor, mas como será melhor?

Uma resposta está clara: os mecanismos de pesquisa do futuro serão melhores em parte porque entenderão mais sobre você, o usuário individual. Obviamente, você estará no controle de suas informações pessoais e quaisquer que sejam as informações pessoais que o mecanismo de pesquisa utilize, isso será feito com a sua permissão e será transparente. Mas mesmo com as mais rudimentares informações do usuário, os mecanismos de pesquisa podem e irão fornecer resultados drasticamente melhores. Talvez os mecanismos de pesquisa do futuro saberão onde você se encontra, talvez já saberão o que você já sabe ou o que você aprendeu anteriormente naquele dia, ou talvez entenderão totalmente suas preferências porque você escolheu compartilhá-las conosco. Não temos certeza de que sinais pessoais serão mais valiosos, mas estamos investindo em pesquisa e experimentação em pesquisas personalizadas agora porque achamos que isso será muito importante posteriormente.

Localização
Sua localização é um aspecto potencialmente útil das informações personalizadas. Analisando minhas perguntas, as respostas a várias delas (A que horas abre o J.C. Penney? Qual é a energia que aquela tal usina hidrelétrica gera? A que horas passa Tropic Thunder?) exigem que o mecanismo de pesquisa saiba que eu estava em Yankton, Dakota do Sul e Crofton, Nebrasca quando perguntei. Como a localização é importante para várias pesquisas, a incorporação do contexto e da localização do usuário serão fatores cruciais para aumentar a importância e a facilidade da pesquisa no futuro.

Social
Outro elemento de personalização é o contexto social. De quem sou amigo e como me relaciono com eles? Como posso utilizar o conhecimento deles de forma mais eficiente? Por exemplo, tenho um amigo que trabalha em uma loja chamada LF em Los Angeles (por isso a pergunta sobre a LF em São Francisco). Sozinho "LF" é um acrônimo bastante ambíguo. De acordo com a primeira página dos resultados de pesquisa do Google, pode se referir à loja na moda de meu amigo, mas também pode se referir à Leapfrog Enterprises, baixa freqüência, Lebhar-Friedman, Fundo de Investimento Li & Fung, Gerenciamento de Construção LF Driscoll, formato grande ou um design de futuro carro conceito da Lexus. Hoje a pessoa que digita "LF" precisa descobrir qual é o resultado certo - para eliminar a ambigüidade desse termos - mas isso é algo em que o mecanismo de busca precisa melhorar. Talvez entendamos a semântica de perguntas como “onde é a LF em São Francisco?” e cheguemos à conclusão de que LF é uma loja. Ou talvez a pesquisa possa analisar meu gráfico social e perceber que uma de minhas amigas trabalha na LF, que eu encontrei essa amiga no fim de semana e que naquele contexto "LF" refere-se ao local de trabalho dela. A análise do algoritmo do gráfico social do usuário para refinar ainda mais uma consulta ou eliminar ambigüidade pode se mostrar muito útil no futuro.
Além disso, existem pesquisas em que ajuda perguntar a um amigo. Eu estava com dificuldades outro dia para encontrar a resposta para a pergunta sobre a aspirina x warfarina, pois estava digitando 'warfarna' e o Google não me corrigia. Através de um e-mail rápido para um médico amigo meu voltei para o caminho certo - equipado com a grafia correta e a explicação dele sobre a diferença para que eu pudesse pesquisar e saber ainda mais como essas duas drogas são usadas para afinar o sangue. Existe muita experiência, conhecimento e contexto nos gráficos sociais dos usuários, portanto, colocar ferramentas no local certo para fazer pesquisas “aumentadas por amigos” pode tornar a pesquisa mais eficiente e relevante.

Idioma
Os exemplos acima mostram como os modos, a mídia e as várias formas de personalização têm potencial para melhorar muito a pesquisa - mas e o idioma? Sabemos que existem casos em que existe uma resposta na web, mas não no idioma em que você lê. É por isso que o Google está investindo em tradução de máquina. Queremos poder liberar o poder da pesquisa na Internet para qualquer pessoa que fale qualquer idioma. O conceito básico é - se a resposta existe on-line em qualquer lugar e em qualquer idioma, iremos buscá-la para você, traduzi-la e trazê-la de volta em sua língua nativa. Esta é uma idéia incrivelmente habilitadora que pode realmente mudar o modo com que os usuários utilizam a Internet e se comunicam, especialmente em idiomas em que não há muito conteúdo nativo disponível. Você pode ver nossas primeiras explorações neste espaço, visitando cross-language information retrieval tool.

Conclusão
Estamos todos familiarizados com os problemas 80-20, em que 20% da solução é 80% do trabalho. A pesquisa é um problema 90-10. Hoje temos uma solução 90% - poderia responder todas as minhas perguntas não respondidas no sábado, de maneira não ideal ou fácil, mas poderia fazê-lo com as ferramentas de pesquisa de hoje (se você estiver curioso, as respostas estão a seguir). Entretanto, os 10% restantes do problema realmente representam 90% (na verdade, mais do que isso) do trabalho. Fornecer soluções elegantes, adequadas e importantes para atender os desafios de mobilidade, modos, mídia, personalização, localização, socialização e idioma levará décadas. A pesquisa é uma ciência que se desenvolverá e avançará por centenas de anos. Pense nela como a biologia e a física nos anos 1500 ou 1600: é uma nova ciência com a qual fazemos descobertas grandes e empolgantes o tempo todo. Entretanto, pode levar cem anos ou mais até que tenhamos microscópios e uma compreensão dos átomos e das moléculas proverbiais da pesquisa. Exatamente como a biologia e a física de várias centenas de anos atrás, os maiores avanços ainda estão por vir. É isso que torna a pesquisa na Internet algo tão empolgante.

Assim, qual é nossa definição objetiva do mecanismo de pesquisa ideal? Seu melhor amigo com acesso instantâneo a todos os fatos do mundo e uma memória fotográfica de tudo o que você já viu e conhece. O mecanismo de pesquisa poderia personalizar as respostas para você com base em suas preferências, seu conhecimento já adquirido e as melhores informações disponíveis; ele poderia pedir esclarecimento e apresentar as respostas em qualquer configuração ou mídia que fosse mais adequado. O mecanismo de pesquisa ideal poderia ter fácil e elegantemente dissipado meu retrocesso e estimulado meu vício no sábado. Estou muito orgulhoso porque o Google, em seus primeiros 10 anos mudou as expectativas sobre as informações e a rapidez e facilidade com que elas podem ser acessadas. Mas estou ainda mais empolgado com o que o Google pode alcançar no futuro.

Postado por:Lais K.Fujii

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